Potenciais do Bambu e Sugestões para a Consulta Pública da Lei da Economia Circular
Ao ser incorporado no Plano Nacional de Economia Circular o bambu, poderá impulsionar significativamente o desenvolvimento sustentável do setor no Brasil, gerando empregos verdes, promovendo a inovação e contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
A sinergia entre a Lei 15.042/2024 (SBCE) e a Economia Circular criaria um ambiente favorável para que o bambu se torne um protagonista na transição para uma economia mais sustentável.
Para Priorizar o Fortalecimento da Cadeia Produtiva do Bambu no Contexto da Economia Circular, sugerimos:
- Inclusão do Bambu na Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC)
- Regulamentação da Lei 12.484/2011: Priorizar a publicação de decretos que garantam a aplicação prática da lei, incluindo incentivos fiscais para produtores e indústrias que adotem manejo sustentável e tecnologias de processamento do bambu .
- Infraestrutura e Acesso a Mercados: Criar programas de financiamento para estruturar polos regionais de produção, com foco em bioeconomia e conexão com mercados internacionais, especialmente para aplicações em construção civil, embalagens biodegradáveis e tecidos sustentáveis, fertilizantes, biocombustíveis.
Financiamento: Incluir linhas de crédito específicas para o desenvolvimento de plantações de bambu sustentáveis, incluindo apoio técnico e capacitação para os produtores, especialmente pequenos agricultores e comunidades tradicionais. O financiamento deve contemplar desde a instalação de viveiros até a colheita e o processamento do material. A Lei 15.042/2024 já prevê incentivos financeiros para a descarbonização, e o bambu se encaixa perfeitamente nessa categoria.Pesquisa e Desenvolvimento: Investir em pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações para o processamento do bambu, visando a otimização de sua utilização em diferentes setores, como construção civil, indústria moveleira, têxtil e bioenergia. Isso inclui pesquisas sobre novas variedades de bambu adaptadas a diferentes regiões do Brasil, técnicas de manejo e colheita mais eficientes e processos de transformação que minimizem o desperdício. A lei também cita o fomento à inovação tecnológica, e o bambu se qualifica perfeitamente.Incentivos Econômicos e Pesquisa
- Linhas de Crédito Verde: Criar fundos específicos para cooperativas e pequenos produtores rurais, com taxas subsidiadas, para investimento em cultivo, processamento e inovação tecnológica .
- P&D em Tecnologias Sustentáveis: Ampliar parcerias com instituições como Embrapa e CEBIS- Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade para desenvolver novos usos do bambu (ex.: biochar para agricultura regenerativa) e aprimorar técnicas de preservação da fibra .
Certificação: Criar um sistema de certificação para plantações de bambu sustentáveis, garantindo a rastreabilidade do material e a conformidade com critérios ambientais e sociais. Essa certificação facilitaria a comercialização dos produtos de bambu, promovendo a sua concorrência no mercado. O SBCE (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões) requer metodologias credenciadas, abrindo espaço para certificações de produção sustentável de bambu.
Redução de impostos e taxas: Implementar incentivos fiscais para a produção, processamento e comercialização de produtos de bambu, reduzindo impostos e taxas para empresas e produtores que utilizam o material de forma sustentável.
Design Circular e Redesenho de Produtos: Incentivar o uso do bambu em substituição a materiais de alto impacto (plásticos, aço, madeira convencional) em setores como construção civil, móveis e energia, integrando-o aos eixos de "eliminação de resíduos" e "regeneração da natureza"
Modelos de Negócio Circulares: Fomentar parcerias público-privadas para desenvolver sistemas de reúso de produtos à base de bambu (ex.: estruturas modulares para habitação) e serviços baseados em aluguel/manutenção .
Construção Civil: Incluir o bambu como material de construção sustentável em normas técnicas e incentivar sua utilização em projetos de habitação social e obras públicas. Isso requer capacitação profissional para o uso do bambu na construção, assim como testes de resistência e durabilidade para garantir a segurança e a qualidade das obras.Incentivo ao Uso do Bambu na Construção Civil
O bambu tem sido planejado como uma alternativa viável e sustentável para a construção civil, sendo leve, resistente e versátil
Ele também apresenta vantagens em termos de proteção contra terremotos e forças sísmicas, além de custos mais baixos em comparação com materiais tradicionais como madeira ou cimento.
Sugestão de Política Pública:
- Promoção do Bambu em Projetos de Infraestrutura Urbana
- Incluir o bambu como material prioritário em políticas de construção sustentável.
- Criar incentivos fiscais para empresas que utilizam bambu em projetos de infraestrutura pública, especialmente em escolas, hospitais e habitações populares.
- Promover campanhas de conscientização sobre os benefícios do bambu na construção, destacando sua capacidade de absorver carbono e reduzir a pegada de carbono
- Impactos Ambientais com Substituição de Materiais Tradicionais
O bambu pode substituir materiais como concreto, aço e plástico em várias aplicações, reduzindo significativamente os impactos ambientais associados à absorção e produção desses materiais
Além disso, seu cultivo abundante e de baixo custo o torna uma opção econômica e ecologicamente responsável.
Sugestão de Política Pública:
- Implementar metas obrigatórias para a substituição gradual de materiais de alto impacto ambiental por alternativas sustentáveis, como o bambu, em setores-chave da economia.
- Estabelece normas técnicas claras para o uso do bambu em diferentes indústrias, garantindo segurança e qualidade.
O bambu pode ser utilizado não apenas em construções, mas também em mobiliário urbano, cercas, decks e até mesmo em parques naturalizados, que são espaços específicos para a convivência com a natureza. Esses projetos ajudam a conectar comunidades urbanas ao meio ambiente, promovendo bem-estar e qualidade de vida.
Indústria Têxtil: Estimular o desenvolvimento de tecidos e fibras de bambu, buscando alternativas sustentáveis às fibras sintéticas e ao algodão convencional. Isso requer investimentos em pesquisas para aprimorar os processos de produção de fibras e tecidos de bambu, bem como em design e moda sustentável.Bioenergia: Apoiar o desenvolvimento de projetos de bioenergia a partir do bambu, utilizando o material para gerar energia renovável de forma sustentável. A pesquisa de novas tecnologias para a geração de bioenergia a partir do bambu é crucial.
Coleta e Reciclagem: Implementar programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos de bambu, garantindo que o material seja reutilizado ou reaproveitado, evitando o descarte em aterros sanitários. Isso requer a criação de infraestrutura adequada para coleta, transporte e processamento dos resíduos.Ciclo de Vida: Estudos completos sobre o ciclo de vida do bambu, desde o plantio até o fim da vida útil do produto, devem ser incentivados, quantificando os impactos ambientais e sociais para cada etapa, gerando dados para embasar futuras políticas públicas.Educação e Conscientização: Implementar programas de educação ambiental e conscientização sobre os benefícios do bambu para a economia circular e o meio ambiente. Isso inclui campanhas de divulgação, palestras, workshops e materiais educativos para diferentes públicos.
Educação e Engajamento Social
- Capacitação Técnica: Implementar programas de formação em manejo sustentável e design circular do bambu, em parceria com universidades e entidades como o SENAI, focando em comunidades rurais e indígenas .
- Comunicação e Conscientização: Campanhas públicas que destaquem o bambu como símbolo da economia circular, vinculando-o a metas climáticas (ex.: redução de 30% nas emissões de GEE até 2030 em setores-chave) .
Proposta de criação de um programa nacional para o desenvolvimento sustentável do bambu. Este programa integraria os incentivos financeiros, a pesquisa, a certificação e a promoção do uso do bambu na economia circular.Inclusão do bambu no Plano Nacional de Economia Circular, com metas específicas para sua produção e uso sustentável. Criação de um selo de certificação para produtos de bambu sustentáveis. Inclusão de conteúdo específico sobre o uso do bambu na construção civil em normas técnicas
Políticas de Sustentabilidade e Manejo
- Certificação e Protocolos de Manejo Sustentável: Estabelecer critérios claros para o corte seletivo e rotação de áreas, alinhados à ABNT 17043:2023, garantindo a regeneração dos bambuzais e a preservação de espécies nativas .
- Integração com Programas de Reflorestamento: Incluir o bambu em iniciativas como o Plano Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas, devido à sua capacidade de capturar CO₂ (até 12 toneladas/hectare/ano) e recuperar solos contaminados .
Propostas Adicionais para o PNEC
- Compras Públicas Sustentáveis: Priorizar licitações que exijam o uso de bambu em obras públicas (ex.: escolas, pontes) e embalagens governamentais.
- Articulação Interfederativa: Criar um grupo de trabalho no Fórum Nacional de Economia Circular dedicado ao bambu, com representantes do MDIC, MMA, Mapa e entidades como a Aprobambu .
Justificativas Baseadas em Dados
- Potencial Econômico: O mercado global do bambu movimenta US$ 68 bilhões/ano, e o Brasil tem a maior floresta nativa do mundo, com 230 espécies .
- Alinhamento com a ENEC: O bambu atende aos três pilares da estratégia: eliminação de resíduos (biodegradabilidade), circulação de materiais (reúso) e regeneração (captura de CO₂) .
Luís Fernando De Carvalho
Coordenação da Pró Fundação Sabor Natureza | ViverDeBambu
https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/noticias/brasil-estabelece-primeira-estrategia-nacional-de-economia-circular
ResponderExcluirhttps://polosebraeagro.sebrae.com.br/cadeia-produtiva-do-bambu/
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